A Caixa Econômica Federal anunciou uma nova opção para correção dos juros do crédito imobiliário. Entenda os prós e contras de optar pelo IPCA como índice de correção.
Como forma de estimular o crédito imobiliário e, dessa forma, destravar a economia através do mercado imobiliário a Caixa Econômica Federal anunciou uma nova linha de financiamento para compra de imóveis. A novidade é que, ao invés da correção da taxa de juros pela Taxa Referencial (TR), será utilizado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Ao contratar um financiamento, o mutuário poderá optar por linhas que possuem juros de 8,50% a 9,75% ao ano mais TR ou pela linha nova, onde os juros são reduzidos à metade mais IPCA.
A TR é uma taxa calculada com base na taxa de juros cobradas pelos CDBs das 30 maiores instituições financeiras do país. Como os juros do CDB se relacionam, indiretamente, com a taxa SELIC, a TR tem certa relação com a variação da taxa básica da economia. Além disso, no cálculo da TR adota-se alguns fatores de correção o que permite o governo, responsável pelo cálculo dessa taxa, ter controle sobre o seu valor.
Por outro lado, o IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil e é calculado pelo IBGE. Ele representa o reflexo do custo de vida das famílias com alguns tipos de despesas, tais como: moradia, alimentação, saúde, educação, transporte, dentre outras.
No entanto, quais as diferenças entre a correção dos juros pela TR e pelo IPCA? A primeira, e talvez mais impactante diferença, é o valor da prestação inicial. A Caixa prevê que a redução do valor da primeira parcela a ser paga pode ser de 35% a 51%, dependendo da taxa de juros.
Outra vantagem da correção pelo IPCA é que a renda exigida pelo banco para concessão do crédito tende a ser menor, já que o valor a ser pago as prestações será menor. Além disso, especialistas apontam que a nova opção poderá aumentar a oferta de crédito no mercado imobiliário, isso porque a Caixa poderá captar mais recursos com investidores para utilizar nessa linha, uma vez que o dinheiro estará protegido pela inflação.
Mas, nem tudo são flores. E é por isso que o cliente deve estar atento as condições do financiamento que pretende contratar, de forma que tenha ciência de todas as possibilidades que podem ocorrer ao longo do período de amortização da operação.
Não é preciso lembrar que o Brasil já vivenciou um período de hiperinflação há cerca de 25 anos. Assim, há um risco em atrelar a correção de um financiamento com prazo de 360 meses ao índice oficial de inflação, já que é difícil prever o seu comportamento durante todo esse tempo.
Outro ponto importante é que o valor final pago pelo mutuário ao banco poderá ser, segundo especialistas, até 14% maior na linha de crédito corrigido pelo IPCA do que corrigido pela TR.
Para o banco, essa modalidade é atrativa já que, além de possibilitar mais captação de investidores, como mencionado, o retorno em juros será maior. Mas, há um risco. Se a inflação disparar, a dívida dos clientes pode superar o valor do imóvel dado em garantia, o que representará perdas a instituição.
Como vimos, há pontos positivos e negativos na nova modalidade de crédito oferecida pela Caixa. O importante, para o cliente, é fazer todos os cálculos necessários para poder fazer a melhor escolha possível. Para o mercado imobiliário, a medida é bem recebida, já que pode ajudar no reaquecimento do setor.
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