Um dos reflexos da pandemia de Covid-19 é o aumento nos preços de materiais e mão-de-obra. Os índices oficiais que medem essa variação têm batido os recordes históricos. E agora? O que fazer?
Quando a pandemia de Covid-19 teve início em março de 2020, muitas medidas de enfrentamento foram adotadas. A principal delas foi a proibição de inúmeras atividades com o objetivo de evitar a aglomeração de pessoas. Uma das atividades que sofreram restrições foi a Construção Civil, forçando a redução do ritmo das obras.
Com as obras em ritmo reduzido, os fornecedores também tiveram que se adequar a essa nova realidade, além, claro, das restrições que lhes foram impostas para enfrentamento do vírus. No entanto, com o passar dos meses protocolos foram desenvolvidos e as vacinas foram introduzidas e, assim, as atividades puderam gradativamente retomar a normalidade.
No entanto, a retomada das obras já em andamento, dos projetos suspensos e a necessidade de colocar tudo em dia, recuperando o tempo perdido, gerou uma grande demanda por insumos. Por outro lado, os fornecedores haviam readequado a sua produção para os níveis baixos de demanda. Essa diferença entre a demanda e a oferta gerou um efeito de escassez de produtos no mercado e, em função disso, a disparada de preços.
Os números dos índices oficiais não mentem. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), principal indicador para variação de custos na Construção Civil, vem batendo recordes. A variação acumulada em 2021, até junho, foi de 9,73% o que corresponde a maior variação dos últimos 26 anos. No acumulado de 12 meses, o INCC registrou alta de incríveis, 17,36%. Só para se ter uma ideia, a inflação oficial ficou em 8,35% no mesmo período. Ou seja, o custo da construção aumentou mais que o dobro da inflação.
Outro índice muito conhecido, e que também reflete a disparada de custos, é o Custo Unitário Básico (CUB), calculado pelos SINDUSCONs. No caso do SINDUSCON da Grande Florianópolis, somente no ano de 2021 o aumento foi de 10,01% e, nos últimos 12 meses, o aumento foi de 17,14%.
Diante desse cenário, o que se pode fazer?
Na realidade, um aumento de custos dessa grandeza exige uma atitude dos incorporadores e construtores, se não as margens de lucro vão simplesmente desaparecer. A mais simples delas é o repasse do aumento de custo ao preço de venda dos imóveis, ainda que de forma parcial. Há quem aposte que haja um aumento no preço dos imóveis, em razão do aumento de custos da construção.
Por outro lado, aumentar o preço de venda dos imóveis é uma medida que tem suas limitações, já que um imóvel com preço muito acima do valor de mercado certamente terá dificuldade de ser vendido.
Assim, é necessário adotar outras medidas que, em geral, são mais duras e exigem mais energia para implementá-las. Uma das principais medidas é reduzir o custo da construção, o que pode ser feito de várias maneiras. O primeiro é investindo mais em planejamento da obra, ou seja, otimizando os projetos, técnicas e materiais empregados.
O segundo é formando consórcios com os demais players do mercado para melhorar as negociações e obter melhores preços e condições de pagamento. Essa medida foi adotada recentemente por 137 empresas de oito estados brasileiros que se uniram para importar 20mil toneladas de aço da Turquia. Além de garantir o abastecimento das suas obras, essa negociação rendeu uma redução de 5% no preço do material, em comparação aos fornecedores brasileiros.
Independentemente da medida a ser tomada, a disparada de preços causada pela pandemia de Covid-19 deve ser encarada não apenas como mais uma dificuldade na vida do empreendedor, mas, sim, como uma grande oportunidade de revisar os seus procedimentos internos e encontrar formas de se reduzir custos o que, certamente, vai contribuir para a evolução da indústria como um todo.
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